quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PROJETO LINGUAGENS E CÓDIGOS - CMA

A concepção cartesiana do universo nos leva a perceber as coisas e situações sem nenhuma conexão e interdependência. A criação dessa visão, por René Descartes, no século XVII, foi de uma importância sem tamanho para a ciência sistematizar os seus conhecimentos e melhor desenvolvê-los. No entanto, a evolução do ser humano e do mundo mostrou que é necessário repensar as concepções e se reencontrar com o cosmo (a ordem imutável do universo).
A física quântica vem dando a sua contribuição nesta reflexão, hoje, se fala numa concepção sistêmica do universo, onde as partes não são vistas separadas, mas são compreendidas como um todo indivisível. Neste sentido, todos os elementos possuem certa conexão, e todas as ações executadas pelas pessoas se intercomunicam. O universo que conhecemos é pura conseqüência das atitudes do cotidiano, das mais simples as mais complexas.
Foi a partir dessas reflexões que o referido projeto foi idealizado, com o objetivo de mostrar aos educando que todas as disciplinas mantêm uma relação intrínseca em sua estrutura semântica e que é possível fazer estas relações interdisciplinares. Outra meta foi possibilitar ao aluno compreende-se como um ser coletivo e dependente dos outros seres humanos e da natureza para sobreviver. Assim como há essa interdependência nas áreas do conhecimento, há entre as pessoas: somos um grão de areia que precisa de outros grãos para a composição do todo.
Esse projeto emana da necessidade de repensar novas práticas pedagógicas, embasadas em valores humanos e ecológicos indispensáveis a sobrevivência do ser humano neste planeta. É cada vez mais urgente perceber a importância da atitude individual de cada um quando se soma a milhões de atitudes semelhantes. Se essas atitudes forem positivas teremos resultados positivos, quando negativas teremos resultados negativos. O importante é que o educando se perceba fazendo parte de uma teia viva.
A metodologia utilizada na execução do projeto se deu da seguinte forma: os professores de língua inglesa selecionaram uma música para ser trabalhada numa determinada série. Esta música foi traduzida pelos alunos com a ajuda do professor. Em seguida, o educador de Língua Portuguesa expôs a música traduzida e explorou o seu conteúdo semântico, fazendo uma análise aprofundada. Após análise, foi lançada a proposta de se realizar uma produção textual aproveitando o conteúdo da música.
Nas 5ª séries os alunos foram desfiados a produzirem uma paródia e apresentar para os colegas. Na 6ª, eles foram convidados a produzirem um cordel, criando uma história relacionada ao que foi discutido na análise. A 7ª série levantou uma temática a partir dos debates sobre a música e desenvolveu um artigo de opinião. Nas 8ª, os educando foram estimulados a produzir um texto publicitário, analisaram as idéias presentes na música e montaram a estratégia de venda a partir da publicidade. O ensino médio também participou das atividades: a 1ª série procurou inspiração na música para produzir sonetos, preocupando-se também com a estrutura – estrofes, versificação, ritmo e sílabas poéticas. Enquanto que a 2ª serie deu asas a imaginação e produziram histórias em quadrinhos, deixando transparecer os dotes artísticos. A 3ª e 4ª séries foram destinadas aos textos mais subjetivos, levantaram temáticas a partir da música trabalhada e esporam as opiniões, sendo instigados a desenvolverem o senso crítico.
Paralelamente a essas atividades supracitadas, a música foi representada a partir de imagens, com a coordenação do professor de Educação Artística. Assim, os alunos que tem facilidade com o desenho pode se expressar livremente. O professor de Educação Física desafiou a classe a criarem coreografias que traduzissem através da dança o significado da música. Desta forma, se concretiza a comprovação da interdependência das áreas do conhecimento. Para que o conteúdo seja trabalhado profundamente todas as áreas precisam entrar em ação.
O aluno se percebeu como um ser humano dotado de diferentes capacidades umas mais desenvolvidas e outras não, precisando do outro para atenuar essas deficiências. Nesta concepção, cada um precisa desempenhar o seu papel com competência e responsabilidade ética e ecológica para restabelecer o ritmo e a harmonia do cosmo ou do microcosmo, as nossas salas de aula.